Entre pai e filho
As memórias boas
Surgem à toa
Nas varandas das lembranças
Trazendo a infância
O tempo com o meu pai
Eu subindo nos seus ombros
Vendo o mundo mais alto
Como se pudesse tocar no céu
E pegar estrelas
Elas eram as suas mãos...
Volto...
Ele me ensinando a nadar
Éramos os reis do mar
Mais fortes que a água
E nossos castelos de areia
Ninguém destruía
Eram os risos na praia
Os sonhos de filho
Promessas de pai
Que o vento guardava...
E na cozinha...
Ele descascava a laranja
Para o menino de franja
E comíamos a fruta
E não havia a disputa
O melhor pedaço era meu
E assim era o dia
Vestido de paz e harmonia
Ele: o forte
O norte: o pai
Os anos foram se passando...
E nos encontramos no silêncio
Quando eu me tornei pai
Interpretei os ais não ditos
O olhar aflito
Os ombros cansados
A laranja doada
Caminhos e estradas
As mesmas perguntas
Uma vida de porquês...